Me pego olhando para a janela da minha sala. Está escuro e um pouco frio.
Aqui sozinha eu penso como é irônico o fato de que à tarde a paisagem seja tão solta, com as folhas voando e a luz do sol refletida, e à noite é tão obscura, com as arvores cobrindo o portão e me acobertando das poucas pessoas que raramente passam pela rua. Acho realmente engraçado como muda as coisas com apenas a luz do sol... E sem dúvida prefiro a noite.
Ouvindo a chuva confortavelmente entorpecida eu construo frases completamente perturbadas em minha mente.
Talvez eu não me encaixe muito bem em algumas situações, nem muito menos em alguns lugares, mas acho que aprendi a lidar com isso ao passar do tempo.
É claro que nem tudo me agrada, mas finjo gostar para evitar dar explicações desnecessárias.
Às vezes sinto falta da minha tristeza e chego sentir culpa pela minha atual felicidade. Seria isso uma doença ou algo do tipo?
É tão difícil sorrir a todo o momento e se sentir confortável com as pessoas.
Em alguns momentos eu gostaria de ser como eles, tão sociáveis e facilmente invejados... Normais.
Ou não, pensando seriamente, tenho a plena certeza que acabo de mentir para mim mesma. Eu nunca gostaria de ser assim, eu não me satisfaria com tal estilo de vida.
Prefiro sorrir para poucos e não gostar tão facilmente. Prefiro a minha sinceridade que machuca a mentira que machuca duas vezes mais. Prefiro o meu jeito torto de amar alguém, do que um simples, clichê e falso amor que se dissipa em meros dias. Prefiro as minhas poucas palavras, ao invés das frases e longas historias sem nenhum conteúdo. Prefiro mil vezes ser estranha ao meu jeito e saber que poucos me amam, do que conhecer milhares de pessoas que nem ao menos sabem o verdadeiro significado da palavra “amar”.
Jingle Jangle